Distinção e criatividade by Ferrugem
16-12-2013
Concebido há três anos num restaurante de Famalicão por um jovem casal de cozinheiros, o pastel de (bacalhau com) nata já galgou fronteiras, sendo atualmente exportado para quatro países e "espreitando" mais três. Os "pais da criança" são Renato e Dalila Cunha, que há quase oito anos decidiram transformar um antigo estábulo em Portela, num restaurante de cozinha portuguesa de autor.
"O pastel de (bacalhau com) nata já é vendido no Brasil e no Luxemburgo, bem como nas cidades de Londres e Paris, havendo também já contactos para Alemanha, Bélgica e Suíça", disse ontem Renato Cunha, durante uma visita do presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Cunha, àquele restaurante. Marca registada do "Ferrugem", o pastel é servido numa pequena caixa de pasteleiro dobrada à mão.
O formato é o mesmo de um pastel de nata, a estrutura é igualmente em massa folhada mas o recheio é um cremoso bacalhau com nata. É uma das "entradas" mais originais do restaurante. Passou a ser fabricado de uma forma industrial por uma empresa de bacalhau e, depois de conquistado o mercado nacional, começou este ano a ser exportado.
O Restaurante Ferrugem e os seus donos foram hoje apontados por Paulo Cunha, como exemplos de inovação, arrojo e empreendedorismo.O autarca visitou o restaurante no âmbito do seu roteiro "Made in Famalicão", que visa destacar os bons projetos empresariais do concelho.
Renato tem 38 anos e a mulher, Dalila, 40. Ele estava ligado à formação profissional na área da informática e ela foi administrativa nas áreas das telecomunicações e do têxtil. A paixão que ambos nutriam pela cozinha levou-os a abandonar aquelas ocupações e a abrirem o seu próprio restaurante, dedicado à cozinha portuguesa de autor. "Cada prato tem uma linguagem diferente, há aqui todo um trabalho de fundo na roupagem", refere Renato Cunha. Atualmente, garante, o Ferrugem é considerado "um dos 10 melhores restaurantes portugueses".
A subida do IVA de 13 para 23%, em 2012, abalou fortemente o negócio, tendo mesmo sido ponderado o encerramento do restaurante, mas este ano "há uma retoma", com um crescimento que se situará entre os 35 e os 40%. Dando trabalho a cinco pessoas, o restaurante vai este ano faturar mais de 200 mil euros. A partir de janeiro, vai apostar também no jantar "por bilhete". "É quase um jantar de culto. O cliente tira o bilhete prévio, seja para ele seja para oferecer, e depois é surpreendido. Ninguém sabe de antemão o que vai comer", explicou, acrescentando que o preço deverá variar entre os 150 e os 200 euros por pessoa.
A procura da inovação é, assim, "uma constante" no Ferrugem, apesar de o seu proprietário ser bastante mais "conservador" em termos de pratos preferidos: em primeiro lugar, o arroz de cabidela, depois o bacalhau "não importa a que moda" e a seguir "uma boa" feijoada.
Fonte
VCP // JGJ
Lusa