O “poder industrial” e a “precisão minhota” de Vila Nova de Famalicão estão em destaque na revista Exame de julho. Isto depois de o Expresso ter publicado em abril uma longa reportagem sobre a capacidade produtiva e o ADN empreendedor do concelho.

“O Norte que puxa pelo país” é o tema de capa da publicação que destaca a “pulsão empreendedora do eixo Aveiro-Porto-Braga” e coloca em evidência o município famalicense pela sua força exportadora, impondo-se como o terceiro mais exportador do país, e pela diversidade do seu tecido empresarial.

“É no Norte que existe uma genuína pulsão empreendedora que se traduz na hegemonia do Norte sobre o sector que nos poderá salvar: os bens transacionáveis destinados à exportação. Sem este Norte, Portugal não seria viável enquanto nação”. Esta é a conclusão a que chegou o jornalista Henrique Raposo após uma viagem ao Norte Atlântico e que consta de um extenso trabalho jornalístico que assina na Exame.

Para o autor, o Minho “continua a ser aquilo que Orlando Ribeiro e José Mattoso [geógrafos] encontraram em tempos remotos: um formigueiro humano que cruza religião, espírito familiar e empreendedorismo. Basta pensar em Vila Nova de Famalicão, que representa quase 3,7 % das exportações de Portugal”.

Aliás, a Exame nota que “Famalicão vale 1700 milhões”. Em relação à balança comercial, sobressai como município que “é capaz de exportar bem mais do que importa”. Na análise ao mapa que publica, a Exame conclui que “é para Norte que se concentram os grandes excedentes comerciais que equilibram as contas externas do país, a começar por Vila Nova de Famalicão”.

Noutro mapa a revista indica quais os territórios com investimentos acima dos cinco milhões de euros do Portugal 2020. Famalicão destaca-se com três: Continental Mabor (49,9 milhões de euros), Phazplas (12,9 milhões de euros) e Campos & Campos (8,9 milhões de euros).

Empresas famalicenses puxam pelo país

A Leica é apontada como “o caso mais emblemático do poder industrial do Minho”. Raposo justifica: “A marca mais prestigiada do mundo no campo das câmaras fotográficas e binóculos recusa sair de Famalicão, porque tem uma confiança absoluta no saber acumulado pelos técnicos portugueses”.

Vários outros exemplos de empresas famalicenses que puxam pelo país são citados. “A Soft Coatings produz peças por injeção de plástico para três marcas automóveis: Mercedes, Jaguar e Land Rover. A Partteam produz soluções tecnológicas para vários ambientes: relógios de ponto para fábricas, cancelas de entrada no metro, quiosques multimédia que várias cidades espalham pelas ruas; vende estas soluções para a Nespresso, Siemens, Fiat, Bosch e Toyota. A Amob faz máquinas únicas no mundo para a indústria química e aeronáutica: a MAH 1000, por exemplo, é a maior máquina hidráulica de arquear metal do mundo”.

No “enorme sector dos componentes para automóveis”, particular destaque para os pneus (Continental) e para as empresas têxteis (TMG e Coindu), “que deram um salto na cadeia de valor – em vez de vestirem pessoas, vestem automóveis topo de gama”.

No campo da “precisão minhota”, a Exame diz que “a Caixiave é o grande produtor europeu de janelas e portas em PVC com uma etiqueta energética única; a japonesa Tesco faz peças de alumínio de alta precisão para automóveis; a CCL-Plásticos fabrica moldes de altíssima precisão para a indústria automóvel, defesa e saúde”.

“Todo este poderio tecnológico é sublinhado também pelo CeNTI e pelo CITEVE”, escreve José Raposo, lembrando ainda a força do sector têxtil e das suas empresas. Casos da Riopele – “se vestir um fato Armani ou Prada, é provável que esteja a sentir um tecido fabricado” pela empresa famalicense – e da Louropel, “líder mundial na produção de botões e a única fábrica do mundo com botões ecológicos patentead